sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tempo de jogar a toalha

Há antigos ensinamentos que buscam moldar os seres humanos modernos para o exercício da paciência. Um deles lembra que o broto do bambu leva cinco anos para surgir, mas, que a partir daí seu crescimento é constante e rápido. O bambu é conhecido pela resistência, gigantismo e capacidade encurvar-se para sair ileso das fortes ventanias.


A idéia central é que se deve fugir da tentação do imediatismo tão peculiar aos dias modernos e investir tempo considerável nos projetos, quer pessoais, quer profissionais. A idéia secundária e não menos importante é que não se deve desanimar com os acidentes de percurso, mas, aprender a inclinar-se para não ser arrebentado pelos turbilhões de ventos que frequentemente surgem de todos os lados.

Mas como avaliar o tempo certo de jogar a tolha?

Como saber, por exemplo, até que ponto seguir numa relação afetiva que, mesmo após investimento razoável de tempo, não atingiu um patamar desejável de crescimento ou de prazer que garanta um pouco de felicidade?

Até que ponto agüentar a rotina torturante do ambiente de trabalho?  quando muitos só pensam no seu lado pessoal ? e que causa estress e atrofia intelectual e profissional.

Qual é o limite da linha divisória que separa o tempo de investimento da paralisia e do comodismo?

Essas parecem ser questões que afligem mais que alguns indivíduos isolados. Ao que tudo indica são dilemas universais. Daí o crescimento das bibliografias de auto-ajuda em todo o mundo. As pessoas buscam respostas. E quase sempre, respostas externas para conflitos internos que afligem a alma.

Mas os manuais de auto-ajuda, infelizmente, não conseguem apresentar uma fórmula pronta que solucione de maneira prática e rápida os prejuízos emocionais provocadas por certas situações cotidianas.

Por isso, qualquer que seja o caso, a chave deve ser o bom senso. É necessário esse poder de decisão pessoal para avaliar as circunstâncias da vida.

Há de se reconhecer o momento certo de literalmente jogar a toalha e aceitar que isso não é sinal de derrota, apenas o fechamento de um dos vários ciclos da vida. Somente ao dar por encerrado um ciclo se consegue avistar o futuro e as novas possibilidades que com ele virão.

Se o ambiente de trabalho é opressor, se a empresa ou pessoas tornam seus projetos e a você mesmo invisíveis, é imprescindível avaliar o tempo já investido nessas relações e procurar identificar qual o foi o retorno concreto.

A idéia de imitar a flexibilidade dos bambus pode ser válida, mas, desde que não custe a própria honra.

Quando pequeno, recordo de um ensinamento do meu avô, um homem analfabeto, simples, mas que fazia questão de defender a sua dignidade. Ele dizia: “Quem se abaixa demais mostra os fundilhos”.

O poder de estabelecer limites é pessoal e jogar a toalha no tempo certo é o caminho para a libertação de amarras que freiam a vida e a felicidade. No final descobre-se a existência de um horizonte gigantesco de possibilidades. E como diz um texto bíblico, as esperanças para a vida se renovam a cada manhã.

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